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Desconhece-se, exactamente, a data em que terá sido fundada a Santa Casa da Misericórdia de Amieira, mas tem-se a certeza de que Ela existe graças ao pensamento da Rainha D. Leonor, viúva de El-Rei D. João II e terá acontecido, provavelmente, por volta dos anos trinta do Século XVI, já que a sua Capela foi posteriormente erigida, em 1550.

O povo do Alto Alentejo devido, certamente, à situação sócio-económica que já então se vivia, aderiu, de imediato, ao régio pensamento, de cariz cristão, e foi assim que, à instituição da Primeira Misericórdia na cidade de Lisboa, em Agosto de 1498, se seguiu a de Cabeço de Vide, a de Portalegre e a de Elvas em 1503.

Infelizmente não é possível conhecer-se a história dos primeiros tempos da Misericórdia de Amieira, quem a fundou, em que data e com que recursos foi instituída.

Um documento de indiscutível autenticidade da sua existência, antes do ano 1550, foi a existência de uma campainha, hoje desaparecida, pertença da Santa Casa da Misericórdia e que, conjuntamente com a bandeira da Instituição, fazia o acompanhamento "dos defuntos à sepultura". Esta campainha, descrita, em pormenor, no Livro "Amieira do antigo Priorado do Crato", dos ilustres Amieirenses, Tude Martins de Sousa e Francisco Vieira Rasquilho, de grande valor intrínseco, tinha marcada, no rebordo inferior, a inscrição do ano de 1550, o que leva, naturalmente, a pressupor a existência da Instituição antes desta data.

Por volta dos anos 1611-1612, a Instituição viveu com grandes dificuldades já que, pelos registos de então, as receitas não conseguiam superar as despesas. Sabe-se que, por este facto, o Rei D. João IV, reconhecendo a enorme importância que então tinha a Nossa Terra concedeu-lhe mercê, assim refere a inscrição colocada na Capela da Nossa Misericórdia.

Para termos uma noção do que era, à época, o dia a dia da Instituição, referimos que as receitas gerais eram provenientes do rendimento dos foros de algumas fazendas, dos peditórios que se faziam todas as quartas-feiras, do peditório do pão, das esmolas dos "enterramentos" e acompanhamento dos defuntos com a bandeira, tumba e campainha da Instituição e, ainda, das Esmolas dos Irmãos. As despesas principais que figuravam nas contas eram as esmolas aos pobres, alimentação dos pobres da cadeia, auxílio a estudantes pobres, Semana Santa, despesas com o Capelão, ofícios e missas por alma dos irmãos e avenças da barca do Tejo para passagem dos pobres.

Sabemos que, por volta de 1822, fruto das receitas provenientes das oliveiras dispersas e dos bens rústicos e urbanos, já então a Misericórdia de Amieira tinha uma vida mais desafogada.

Honrando a tradição, a Santa Casa da Misericórdia de Amieira do Tejo sempre difundiu o espírito da SOLIDARIEDADE. O seu primeiro Hospital funcionou pobremente até 1864 na Rua do Castelo, ano em que foi transferido para outro prédio que a Irmandade possuía na mesma Rua, representando esta mudança, para a época, um enorme benefício para a população. Mas o benefício maior foi adquirido com a construção do Novo Hospital, iniciada em 1915 e cuja inauguração ocorreu em 1920, com projecto e direcção do senhor António Gonçalves Rasquilho, em terreno gratuitamente cedido pelo próprio.

Nos anos 20 do século passado foi, também, grande impulsionador da Santa Casa da Misericórdia de Amieira o Capitão Francisco Rasquilho da Fonseca que, embora tendo nascido em Santa Eulália, foi ilustre Amieirense e Provedor da Instituição nos anos de 1929 a 1938. Foi com ele que, por decisão da Mesa Administrativa de 3 de Julho de 1935, chegou a ser aprovado o caderno de encargos para a construção de um "Pavilhão de isolamento para doenças contagiosas, a edificar no "Chão de Santo António" igualmente pertencente ao Senhor António Gonçalves Rasquilho. Pessoa extremamente humanitária, o Capitão Rasquilho da Fonseca foi, ainda, o principal motor que levou à criação da Casa do Povo de Amieira.

As instalações, como Hospital, mantiveram-se em funcionamento até aos anos cinquenta. Posteriormente, funcionaram ali os serviços médicos da Casa do Povo, tendo sido o último médico assistente o senhor Dr. António Augusto Marques Donato Júnior.

Com a inadequação das instalações do já "Velho Hospital" e com a alteração das estruturas sociais, entretanto ocorridas com o 25 de Abril de 1974, aquele espaço passou a acolher, a partir dos anos 80, a Resposta Social do CENTRO DE DIA para idosos .

Em Janeiro de 2002, com a tomada de posse da nova Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia, houve, de imediato, a preocupação de levar por diante a construção de outro Equipamento Social capaz de dar resposta às necessidades de uma população, cada vez mais envelhecida, de baixos recursos e que, como muitas vezes aconteceu, se desenraizou da sua Terra, onde sempre vivera, para se acolher, com todas as evidentes consequências negativas, a outras instituições que lhes davam resposta às suas necessidades de grande dependência.

Foi assim que a Mesa Administrativa diligenciou a aprovação de um Projecto para a construção de um LAR DE IDOSOS, a edificar, em duas fases distintas, em terreno próprio, adquirido para o efeito e com a capacidade para um total de vinte e sete utentes.

Para levar por diante esta nobre e difícil tarefa, cujo valor da construção da 1ª. Fase (instalações comuns, quartos e AVAC), para dezasseis utentes, ascendeu a € 654 000,00, contámos com os capitais próprios da instituição e com os indispensáveis subsídios da Câmara Municipal de Nisa e da Junta de Freguesia no valor de, respectivamente, € 250 000,00 e € 22 500,00. A população, na generalidade, contribuiu com os seus donativos no valor de € 37 900,00. A 1ª. Fase da Obra foi concluída em Junho de 2009, entrou em funcionamento, apenas com a resposta social de "Centro de Dia", no dia 5 de Maio de 2010, tendo o edifício sido inaugurado a 11 de Setembro do mesmo ano, entrando o "Lar para idosos" em funcionamento no dia 2 de Janeiro de 2011.

Porque financeiramente o Projecto global só seria sustentável com a instalação dos vinte e sete residentes, tivemos a feliz decisão da 2ª. Fase da Obra, cujo valor de construção ascendeu a € 270 600,00, ser financiada, a fundo perdido, pelo PRODER, em € 192 000,00. Esta Fase da Obra foi concluída em Dezembro de 2012 e entrou em funcionamento no dia 1 de Março de 2013.

Mas o Projecto global só estaria definitivamente concluído com a instalação, no mesmo Edifício, de melhores condições para os utentes do "Centro de Dia" e "Serviço de Apoio Domiciliário". Foi assim que se concluiu o NOVO CENTRO DE DIA para 22 utentes, cujo valor do investimento, que ascendeu a € 80 000,00, foi totalmente suportado pela Instituição. A mudança para as novas instalações ocorreu em Março de 2014.

A propósito, devemos referir que o financiamento da instituição para o funcionamento das três Respostas Sociais de "Centro de Dia", "Serviço de Apoio Domiciliário" e "Lar para idosos" é efectuado através dos respectivos Acordos de Cooperação celebrados com o Instituto de Solidariedade e Segurança Social, IP.

A Mesa Administrativa